Identidade: Falar ou não pro meu filho que ele é autista?
- Nathalia Barbosa
- 7 de nov. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de fev. de 2023
Uma discussão muito presente em grupos e páginas de familiares de autistas é sobre falar ou não com os filhos sobre ser autista.
Muitas mães defendem não falar com seus filhos sobre ser autista, e depois de muito acompanhar cheguei a duas justificativas recorrentes e fortemente endossadas:
- Não quero que meu filho use isso para se fazer de coitado;
- Não quero que meu filho seja tratado como coitado.
Em um primeiro momento, são falas que podem ser compreendidas, uma preocupação aceitável dentro de uma sociedade que encaixa pessoas com deficiência em um desses dois lugares: ou de coitado ou de quem se faz de coitado.
Existe uma falsa equivalência e, principalmente, um apagamento quando falamos sobre diversidade. Num primeiro momento, parece impossível enxergar uma PCD num lugar de orgulho da sua identidade e de quem ela é.
Não é socialmente aceito estar satisfeito com quem se é de uma forma geral, que dirá se você tem alguma deficiência.
Com autistas, não é diferente. Negar a identidade de nossos filhos é negar o direito de entender o papel que a sociedade em geral tem com relação à falta de acesso, à exclusão e ao capacitismo.
Não falar com nossos filhos sobre suas necessidades e diferenças, com orgulho de quem se é, é abrir espaço para a culpa por ser diferente e por, de alguma forma, não se encaixar na nossa sociedade. Ser excluído de espaços e momentos sem entender e questionar a motivação.
Construir a autoestima identitária é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária.
Falar com nossos filhos sobre quem eles são de forma positiva é ajudar a construir a autoestima e o senso de justiça. É dar ferramentas para que eles possam enfrentar a sociedade com a segurança de quem sabe quem é.
Na aba Autismo nas redes, você encontra também autistas com diagnóstico tardio, que falam sobre suas dificuldades antes do diagnóstico e que serviram de referência para este texto.
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